Pré-História da América
Tradicionalmente, os estudos relativos à Pré-História concentram-se nos
continentes africano, asiático e europeu, já que foram nessas regiões que
apareceram as primeiras formas de hominídeos. Entretanto, a América viveu um
período que poderíamos chamar de pré-histórico.
Quem ”Descobriu” a América ?
Os mistérios que envolvem o estudo da Pré-História aumentam no caso da
América, pois as dificuldades para as pesquisas nessa região são bem maiores e
há menos sítios (locais em que se faz pesquisa e se recolhe material
arqueológico) em estudo.
Admite-se que o continente americano era despovoado até cerca de 40 mil
anos atrás. Por essa época teria se iniciado o processo de imigração humana
para a América; portanto, muito depois do povoamento da África, Europa e Ásia.
O ser humano só teria chegado à América do Sul entre 16 mil e 12 mil anos
atrás. Embora essa seja a hipótese tradicional, a questão ainda é muito
discutida, havendo também controvérsias a respeito de como o ser humano teria
chegado aqui.
A teoria mais aceita afirma que os indivíduos passaram da Ásia para a
América em várias ondas migratórias, através do estreito de Bering (entre a
Sibéria asiática e o Alasca), durante os três últimos períodos glaciais (9-14
mil, 25 mil e 40 mil anos atrás), pois nesses momentos, devido ao baixo nível
dos mares, formou-se um caminho terrestre natural. No entanto, alguns
pesquisadores identificam outras rotas migratórias, como as ilhas Aleutas,
também por passagem terrestre, ou então por uma precária navegação iniciada nas
ilhas da Polinésia. Mas nenhuma dessas hipóteses pôde ser comprovada, como
ocorreu com a passagem de Bering.
Na verdade, o quanto a presença humana no continente americano é antiga
constitui uma questão capaz de produzir muita polêmica. No Brasil, por exemplo,
as evidências humanas mais antigas datam aproximadamente de 12 mil anos e foram
encontradas na região da Lagoa Santa, em Minas Gerais. Mas, atualmente, alguns
antropólogos pesquisam supostos vestígios de presença humana, entre 48 mil e 40
mil anos atrás (em São Raimundo Nonato, no Estado do Piauí).
Outros pesquisadores também supõem que a América seja habitada há mais
de 30 mil anos – como indicam vestígios encontrados no Novo México, na caverna
de Pendejo, e no Chile. Uma vez que a interpretação desses vestígios continua
em discussão, a comunidade científica não os aceita como evidências históricas.
No entanto, se qualquer um deles conseguir uma confirmação mínima dessas
hipóteses, as teorias sobre as rotas de imigração e sobre a antiguidade do ser
humano no continente americano terão de ser revistas.
A Vida no Continente
Podemos identificar, na pré-história americana, pelo menos duas formas
de organização social. Uma pré-agrícola, em que os indivíduos viviam em bandos
e sobreviviam exclusivamente de caça e coleta. E outra agrícola, em que o ser
humano começa a cultivar plantas e a domesticar animais.
Os vestígios das atividades agrícolas mais antigas na América datam de
7000 e 4000 a.C., ou seja, indicam que elas se desenvolveram posteriormente à
agricultura do Oriente Próximo. Tais atividades proporcionaram condições para o
início da sedentarização humana. Porém, somente após longo período de
desenvolvimento é que a agricultura se tornou sistemática e determinante.
Podem-se identificar três grandes focos de produção agrícola tipicamente
americanos: na Meso-América (os arqueólogos denominam assim a região formada
por parte do México, Guatemala, El Salvador, trechos de Honduras, da Nicarágua,
e da Costa Rica), com as culturas de milho, feijão e cabaça; na zona andina
central ( Peru, Bolívia, parte do Equador, do Chile e da Argentina), com a
produção de batata, cabaça, feijão e criação de lhamas; e, finalmente, no
noroeste da América do Sul, com a produção da mandioca. O processo de sedentarização
ocorreu de maneira diferenciada em cada região, produzindo formas de vida
social bastante distintas, como a dos incas, nos Andes, e a da maioria das
nações nativas, no Brasil.
É preciso considerar também que grande parte da população americana
vivia nas florestas tropicais e tinha como fontes de alimentação fundamentais a
caça e a pesca, assim como a coleta de frutas, raízes e outros produtos
próprios de uma rica floresta. Essas pessoas sabiam conservar seus alimentos e
praticavam a agricultura de subsistência. Apesar de haver alguns elementos em
comum no modo de vida dos vários povos que habitavam a floresta, em geral eles
tinham costumes distintos e falavam diferentes idiomas. Havia grande
diversidade cultural entre eles
Em algumas regiões do continente americano, o maior desenvolvimento da
agricultura – produzindo o excedente, a hierarquização social, a divisão do
trabalho entre campo e cidade -, aliado à pressão demográfica e à introdução de
novas tecnologias (produção em terraços nas altas montanhas e irrigação, por
exemplo), propiciou o surgimento de grandes centros urbanos. A partir dessas
bases, organizaram-se as civilizações pré-colombianas dos maias (América
Central), astecas (México) e incas (nos Andes).
Migração para a América
Mulher Pré-histórica no Brasil (Luzia)
Pinturas rupestres americanas
Fóssil
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